Mensagem do Presidente

João Fernando Brito Nogueira
João Fernando Brito Nogueira, Presidente da Fundação Bienal de Arte de Cerveira e da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira

Comunicar a Arte tem subjacente um processo de comunicar com Arte e, desde a sua génese, a Bienal Internacional de Arte de Cerveira tem sabido impor-se através de um modelo interventivo e provocatório que desassossega vários e distintos públicos. A escolha da temática desta XXI edição - “Diversidade-Investigação. O Complexo Espaço da Comunicação pela Arte” - é mais um exemplo de afirmar a Arte como uma poderosa forma de comunicação, analisando e expondo a sua pluralidade.

A “procura plástica” é um conceito abordado por um dos fundadores da Bienal, o Professor Doutor Henrique Silva, justificando que “o segredo está em saber descobrir a forma que permita ao espetador descobrir sempre alguma coisa de novo, cada vez que olhar para essa obra”. E esta versatilidade artística deu mesmo origem à sua tese de doutoramento em Média-Arte Digital, apresentada com distinção, em 2016, com trabalho intitulado “O Homem, a Obra e o Pensamento de Henrique Silva – a Intemporalidade ou Temporalidade da Obra de Arte numa Perspectiva Polissémica (Cosmológica, Moral e Técnica)”.

Além de transmitir tanto (ou mais) do que as palavras, a Arte tem o dom de despoletar o sentimento pela interpretação subjetiva. Aqui podemos vincar a dicotomia tradição/modernidade, recorrendo a conceitos que estão na ordem do dia, como a comunicação emocional ou o storytelling que, pela autenticidade e espontaneidade, permitem revelar/sentir estados de alma, aproximando o artista e o espetador.

Vivemos tempos, no mínimo, excecionais pelo inesperado, e 2020 fica para a história da Humanidade, devido aos impactos da pandemia Covid–19. Um desafio de resiliência e de reinvenção a nível pessoal e profissional. Ao longo dos seus 42 anos de existência, a Bienal Internacional de Arte de Cerveira viveu períodos conturbados que encarou como oportunidades para legitimar a sua continuidade de valorização da história da Arte Contemporânea.

Por isso, esta XXI edição tem intrínseco o desafio de se sobrepor às restrições provocadas pelo novo coronavírus e, se a vertente presencial não puder vingar, colocaremos a Bienal a percorrer o mundo através de uma plataforma digital, permitindo visitas virtuais, contacto com artistas, críticos e curadores e envolvendo os cerveirenses e os seus olhares atentos, dando consistência aos três princípios estratégicos amplamente assumidos – interação, descentralização e internacionalização.

É fundamental continuar a suscitar o debate em torno do estado das coisas e do papel da arte. A Bienal Internacional de Arte de Cerveira continuará, por isso, a ser fiel aos seus princípios de contribuir para uma mudança de mentalidades.

João Fernando Brito Nogueira
Presidente da Fundação Bienal de Arte de Cerveira e da Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira