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ARTE, RESISTÊNCIA e CIDADANIA

Os artistas da Bienal Internacional de Arte de Cerveira e a Democracia

Curadoria de Helena Mendes Pereira

Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen

 

Em 1974, nascem, na Casa da Carruagem (Valadares, Vila Nova de Gaia), os Encontros Internacionais de Arte, iniciativa promovida por Jaime Isidoro (1924-2009) e pelo Grupo Alvarez com o objetivo de promover um evento cultural que reunisse artistas portugueses e estrangeiros. Pretendia-se uma descentralização cultural que se constituísse como um elogio à vanguarda e à Liberdade, contribuindo para a aproximação dos públicos às demandas do contemporâneo.

Os Encontros Internacionais de Arte repetiram-se nos anos seguintes por Viana do Castelo, Póvoa do Varzim e Caldas da Rainha, perseguindo as mesmas ambições e crescendo no número de participantes e iniciativas. Em 1978, haviam de realizar-se em Vila Nova de Cerveira mas na forma de Bienal Internacional de Arte, tornando-se este no mais antigo e relevante evento da Península Ibérica nesta tipologia.

Poder-se-á afirmar que não haveria Bienal Internacional de Arte de Cerveira se não tivesse acontecido o 25 de Abril de 1974. É por isso com um enorme orgulho que trazemos esta exposição à Assembleia da República e às comemorações oficiais desse “dia inicial inteiro e limpo”, em jeito de presente pelo quadragésimo aniversário do evento.

40 anos volvidos, a Bienal Internacional de Arte de Cerveira homenageia artistas, promove um concurso internacional (que cresce em candidaturas à escala-mundo), realiza ateliers ao vivo e valoriza a investigação científica no campo da arte e os seus protagonistas.

Desde 2011 que é a Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC) que aposta na afirmação da marca Vila Nova de Cerveira associada à Arte e ao pensamento contemporâneo, o que é verificável no número de presenças, ao longo destes 40 anos, de artistas provenientes de países como a Espanha, o Brasil ou o Japão, a título de exemplo e nomeando os mais constantes.

A Coleção da FBAC (com mais de 600 peças) é uma das mais representativas da produção artística contemporânea do Portugal da Liberdade, integrando nomes nacionais e internacionais de relevo, muitos deles tendo a premiação no evento nas 19 edições já realizadas.

A exposição ARTE, RESISTÊNCIA e CIDADANIA promove, assim, a partir de 73 obras dos 68 artistas expostos, uma ligação conceptual e histórica entre a Coleção do Museu Bienal de Cerveira e a 3ª República com uma seleção transgeracional, marcando a afirmação das vanguardas em Portugal.

 

Curadora da exposição, Helena Mendes Pereira