Residências Artísticas 2014
Entre setembro e dezembro de 2014, a Fundação Bienal de Arte de Cerveira, F. P. (FBAC) recebeu 16 artistas em residência, de nacionalidade portuguesa, espanhola, romena, italiana, alemã, colombiana e grega. No total, foram 8 os projetos de residência artística selecionados, nas áreas de pintura, fotografia, gravura, vídeo, serigrafia, entre outras.
Iago Eireos (ES)
Projeto: “Memória da Paisagem”
Área: Pintura e fotografia
“Memória da paisagem” é um projeto que nasce das sinergias, orientações e conclusões, desenvolvidas a partir de projetos anteriores que abordam o nomadismo contemporâneo, cartografia, mapa, atitudes, costumes e paisagens documentando um registo e são formalizados na busca de uma identidade para levantar novas memórias do imaginário, hipotético, possíveis deslocamentos e contextualização aberta, um mapeamento poético que não cabe num lugar específico, mas que está localizado em cada um dos lugares que eu que eu descobrir, pretende, portanto, encontrar as minhas raízes no coletivo e global, articulando este enraizamento através de múltiplas conexões que cada abordagem possui em relação à memória da paisagem adicionada.
Johanna Speidel (DE)
Projeto: “El espejo” (O espelho) ‘Ser um reflexo, reflexionar’
Área: Vídeo e fotografia
Ninguém vai estar a salvo das minhas perguntas e da minha câmara. Como uma lapa colar-me-ei à boa gente de Cerveira para investigar sobre os seus costumes, a sua forma de vida e a sua conexão com a arte e os artistas da Bienal.
Quero saber mais sobre a sua identidade, quero ser o seu espelho.
Estas fotografias e imagens de vídeo serão transformadas na minha máquina mágica em algo diferente, misturando imagens do lugar, intervindo com os meus pincéis informáticos. Parar, olhar e incluir os locais no âmbito artístico que respira o lugar.
Transformar o visto e ouvido numa obra de vídeo.
Facilitar, assim, a compreensão da arte e aproximar a comunidade do processo artístico, transformando-os em cúmplices e atores. Tudo isso com cheiro a bacalhau.
Haiu Nicolae e Robert Cazan (RO)
Projeto: “Realidade Subjetiva”
Área: Gravura e pintura
A fim de dar aos sentidos a dificuldade de usar outros métodos, Nicolae Haiu usa a arte do absurdo, uma manifestação sintomática da realidade dos nossos dias para a crise com múltiplos rostos: social, existencial, política, económica, cultural e de comunicação. O sentimento do Universo absurdo, a sensação de absurdo, o humor absurdo, a guerra absurda, o Humano absurdo, tornaram-se frequentes e oferecem-lhe inspiração abundante. Os aspectos nocivos estão-se a tornar cada vez mais dominantes na nossa sociedade contemporânea: a crueldade, a desumanidade, a barbárie contra a natureza, contra os animais e humanos, e refletem crises profundas de valores morais na nossa sociedade. O Humano tem saudade da alma, a Natureza tem saudades do Humano. Ao proteger a Natureza, salvando as almas dos animais, as pessoas vão salvar as suas almas!
Henrique Neves e Michael Langan (PT/GB)
Projeto: “Gypsyworts, Devil’s Snares and Congo Flowers”
Área: Artes visuais e escrita
A residência na Fundação Bienal de Cerveira permitirá ao escritor M. Langan e ao artista visual H. Neves desenvolver um projeto colaborativo que examina ideias do proscrito e do indesejado no mundo da horticultura, lado a lado dessas plantas consideradas benéficas e “boas”. Diz respeito ao poder, discriminação e às metodologias sancionadas e defendidas para o extermínio de espécies. “Gypsyworts, Devil’s Snares and Congo Flowers” interroga as dinâmicas de poder entre o proibido e a autoridade, a falsificação e o autêntico, o ilegal e o legítimo, o feio e o belo.
Como uma conversa com o espaço, os artistas estão particularmente interessados na sensibilização do público e gostariam de contribuir para a Fundação Bienal Cerveira envolvendo pessoas que estão relacionadas com os jardins, parques e com a preservação e conservação da natureza, mas que poderão não ter a oportunidade de colaborar ou falar com os artistas em residência.
Patrícia Mendonça (PT)
Projeto: “Hirto e Deitado”
Área: Desenho e gravura
As emoções humanas sempre me fascinaram. Os gestos, as atitudes bem como tudo o que se consegue pressentir por detrás de cada aparência ou máscara é, de facto, enriquecedor para qualquer projeto. As linhas, rabiscos, silhuetas e figuras que vou construindo tanto com o pincel como com o lápis são a essência da minha linguagem, isto é, a minha forma de existir como pessoa e cidadã.
Pretendo concretizar um projeto de Desenho e Gravura para a Residência Artística. A proposta inclui um conjunto de trabalhos cuja expressão do traço e a força do desenho se assumam na sua plenitude. Este projeto tem sido desenvolvido já há mais de um ano e abrange pinturas de grandes dimensões e desenhos de 100×70 cm.
A proposta inclui cerca de 10, 20 ou mais desenhos de médias dimensões mais estudos preparatórios, rascunhos e todo o material necessário para os concretizar. Na Gravura pretendo aprimorar conhecimentos técnicos e expressivos. A gravura é um processo privilegiado no meu trabalho, uma vez que me permite tratar a mancha e todo o grafismo com uma grande complexidade. Permite-me tirar partido das corrosões, incisões próprias do médium, bem como das texturas que se vão gerando ao longo do processo.
Coletivo | Ana Catarina Pinho, António Pedrosa, Bruno Fonseca, Lara Jacinto, Miguel Proença e Tommaso Rada (PT/IT)
Projeto: Fronteira ‘Os limites do território construído’
Área: Fotografia
A fronteira entre Portugal e Espanha existe desde 1143, sendo o acesso entre os dois países controlado pela alfândega até 1993. Com o Acordo de Shengen, as fronteiras entre os países signatários desapareceram e a livre circulação de pessoas foi possível.
A linha fronteiriça, delimitada pelo rio Minho, é repleta de história, desde os grandes eventos aos mais populares. Outrora representou um território disputado entre Portugueses e Espanhóis. Mais recentemente, durante a ditadura, era o caminho de fuga da pobreza e opressão. Também a economia da região foi influenciada, criando novos tipos de comércio e negócios.
O coletivo de fotógrafos composto por Ana Catarina Pinho, António Pedrosa, Bruno Fonseca, Lara Jacinto, Miguel Proença e Tommaso Rada propõe-se trabalhar sobre o tema “Fronteira”; documentando a comunidade, de forma a honrar a memória, história e explorar as novas fronteiras físicas e metafóricas, constituintes da nossa sociedade.
Marcos Covelo e Miriam Cartagena (ES)
Projeto: “Painting with without paint”
Área: Serigrafia
Os parâmetros que sempre definiram a pintura tradicional foram: matéria, processo, método, suporte e perceção. Este workshop, levado a cabo por Marcos Covelo e a sua assistente Miriam Cartagena, tem como objetivo aprofundar a busca de novos processos pictóricos. O workshop compreende o desenvolvimento e o processo de criação de uma obra pictórica através de meios não convencionais, dentro da pintura tradicional. Analisaremos os passos que levam a realizar uma obra pictórica (ideia/ esboço/ representação/ meio/ presença). Ao longo desde workshop teórico-prático estudaremos as razões e motivos que levaram a pintura a procurar novas linguagens e vias de investigação. Examinaremos como os avanços tecnológicos mudaram pouco a pouco o processo da pintura tradicional. Também refletiremos sobre a relação que a pintura actual estabelece com o marco espacial e os seus limites.
O workshop está orientado a todo o tipo de público com prévio interesse no tema de tratar e com algum conhecimento básico em arte. É um workshop que pode interessar a estudantes de Belas Artes ou disciplinas similares, para além de artistas que queiram iniciar-se em novos campos de experimentação pictórica.
Ricardo Muñoz Izquierdo (CO)
Projeto: “Sketchbooks, Murales y Derivas de Ciudad”
Área: Artes Visuais
Este projeto pretende realizar uma série de intervenções murais urbanas durante a estada na vila de Cerveira, Portugal, através de uma estética irónica e sinistra e acompanhada por cadernos de desenho, onde se escreve o diário do recorrido por meio de técnicas mistas, colagem e bricolagem, como estratégias de criação de imagens.
A metodologia baseia-se na realização de desvios por diferentes espaços e lugares da vila de Cerveira, registando por meio de fotografias e apontamentos em cadernos, o entorno e os seus objetos, as personagens, os imaginários, os sonhos, as perversões da imaginação, as ironias e perversões do olhar, a monstruosidade das fábulas, as lendas populares e as personagens históricas do lugar.
Tudo isto ficará plasmado e referenciado em muros públicos e privados, também o que não será visível estará aí, o recordado e o desejado, para além de algumas coisas que não existem.
“El dibujo otro inútil souvenir del recuerdo, solo una baba del paso por la vida..”
Carlos Pazos