O projeto Livre Trânsito – Ciclo Permanente de Residências e Intervenções Artísticas, 2023- 2024, pretende recuperar Vila Nova de Cerveira como território de ação e criação artística, estabelecendo uma relação entre a Casa do Artista Jaime Isidoro, os espaços oficinais do Fórum Cultural de Cerveira, bem como as várias freguesias de Vila Nova de Cerveira.
Esta triangulação visa promover a experimentação artística, convidando artistas em residência a explorar e a conhecer o território, promovendo o encontro direto entre artistas, a comunidade e os seus públicos.
Neste contexto a OFICINA ARARA (PT) apresenta “OLHO DA RUA” – ação coletiva em colaboração com Joaquim Pires, a Unisénior Universidade Sénior de Cerveira, a APPACDM de Valença e Ponte de Lima e do público em geral.
Nuno Silas (MZ) apresenta “Metamorfose: Arquivo Anómico e outros sons” – uma instalação performativa, que inclui som e vídeo, entre outros elementos encontrados e recolhidos em Vila Nova de Cerveira, questionando a ideia de arquivo, o seu significado e relação com legados coloniais.
O resultado dos trabalhos realizados será apresentado no próximo sábado, dia 28 de outubro, no 2º Ciclo Expositivo de 2023 do Museu Bienal de Cerveira, a partir das 16h00, no Fórum Cultural de Cerveira.
Curadoria: Mafalda Santos
Nuno Silas – Metamorfose: Arquivo Anómico e outros sons
Metamorfose: Arquivo Anómico e outros sons é uma instalação performativa de Nuno Silas. O projeto inclui som e vídeo, entre outros elementos encontrados e recolhidos em Vila Nova de Cerveira, questionando também o significado do arquivo e do corpo interligados com os legados coloniais e as tensões entre arquivo institucional e não institucional, tradução e restituição. O projeto Metamorfose: Arquivo Anómico e outros sons centra-se na sensibilidade estética e na reativação e releitura do material de arquivo moderno enquanto forma de resistência, usando a informação histórica para o discurso crítico e provocando ideias subjacentes a questões-chave sobre as coleções coloniais nos museus da atualidade. O museu público, o espaço público e os arquivos pessoais são alguns dos espaços em que Silas investiga e questiona a autoridade dos dados ligados ao colonialismo e à colonialidade.
Nuno Silas explora e cria uma intersecção relacionada com a estética da arte, mais do que com a curiosidade etnográfica, explorando múltiplas formas de interpretar e ressocializar material de arquivo de maneiras não canónicas, utilizando vídeo, sons, performance e filme. No entanto, também explora o pano de fundo da violência colonial, do racismo científico, da exploração, do contexto político das descobertas; e da extração de objetos das suas raízes.
Este projeto expõe as tensões entre a história e os vestígios tangíveis do colonialismo no espaço dos museus e nas suas coleções, a reinterpretação e a representação criativa. O projeto questiona e investiga a política dos museus e a sua performatividade na memória da escravatura. Em termos de produção intelectual concreta e de disseminação, o projeto produzirá os seguintes resultados: instalação experimental.
Nuno Silas (1988, MZ) é artista visual interdisciplinar, explora a relação entre memória, identidade e história. Nuno Silas nasceu em Maputo-Moçambique e vive entre a Alemanha, Moçambique e Portugal. A sua prática inclui instalações experimentais, pinturas e cinema expandido, e usa a performance para criar ou reconstruir uma mensagem artística, uma espécie de realidade pessoal, desde muito cedo participa em colaborações e exposições internacionais com bailarinos, artistas visuais e músicos. Nuno Silas conclui a licenciatura em Artes Plásticas na ESAD.CR – Escola Superior de Artes e Design Caldas da Rainha Portugal, em 2018 recebeu uma bolsa estudos pela Fundação Gulbenkian para mestrado em African Verbal and Visual Arts: Languages, Literatures, Curatorial Studies na Uni. de Bayrueth na Alemanha.