“S/T (Casa Velha na Giesteira)”, um óleo sobre tela com 120×160 cm, de Martinho Costa (n.1977) foi um dos prémios aquisição Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira na XX Bienal Internacional de Arte de Cerveira, realizada de 10 de agosto a 23 de setembro de 2018. É também, por estes dias, uma das obras que integra a exposição “Territórios Imaginados”, comissariada por Elisa Noronha, que a Fundação Bienal de Arte de Cerveira (FBAC) inaugurou em San Sperate (Sardenha, Itália). Licenciado em Artes Plásticas – Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa e mestre em Teoria e Práticas das Artes Plásticas Contemporâneas pela Universidad Complutense de Madrid, Martinho Costa expõe, individual e coletivamente, desde 2000 e as suas obras integram importantes coleções como as da Colecção Opway (Lisboa), Coleção Manuel de Brito (Lisboa), Fundação PLMJ (Lisboa), Coleção Associação Industrial Portuguesa (Lisboa) e a coleção da FBAC com a obra supracitada.
De uma intensa plasticidade, a obra de Martinho Costa é uma profusão de figuração que, através da sobreposição de elementos de diferentes escalas, que se posicionam entre um expressionismo figurado e a imagética da pop, escondem e revelam silhuetas, numa pintura indutora de silêncios e que emerge da velocidade do cinema. Para além da pintura, Martinho Costa, trabalha também vídeo-animação e mais recentemente começou a participar em projetos de espaço público. Nas suas várias áreas de intervenção e, fundamentalmente, na pintura procura refletir sobre a forma como as imagens que nos rodeiam podem integrar os novos media artísticos, sugerindo-nos um palimpsesto de gestos e de referenciais em que confunde, em planos executados de forma exemplar, objetos do quotidiano com imagens que partem da História da Arte e dos seus clássicos.
Martinho Costa dedilha a realidade e manipula a perceção que temos dela através de um exercício de pintura pleno, rigoroso e matérico, que constrói a partir de pensamento e observação dos contextos e dos detalhes do contemporâneo. Pintura sem tempo, que ferve na mestria do desenho e na facilidade com que expressa o que vê. Ainda que de uma larga multiplicidade de temas, a pintura de Martinho Costa tem uma especial atenção à natureza urbana dos cenários, conseguindo somar poesia a uma simples porta, escada ou muro, e retirar rigidez ao cenário caótico do céu da urbe carregado de gruas ou somar interesse ao mobiliário urbano de cariz industrial. Sentimos-lhe a pincelada e o pulso e ficamos diletantes e surpreendidos pela forma como trabalha pormenores e detalhes que não julgávamos passiveis de beleza e harmonia estética.
Martinho Costa tem uma produção vasta e identificável, porque original e fresca. É um dos bons pintores da sua geração e faz-nos ter esperança na eterna vitalidade da pintura.
« Texto de Helena Mendes Pereira