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PROJETO “40 ANOS, 40 ARTISTAS” | Marta Moura no Limite Insustentável da Imagem

Desde 1999, na sua décima edição, que a Bienal Internacional de Arte de Cerveira passou a lançar um tema aglutinador para as propostas a concurso. Em 2009 refletimos sobre “ A Cultura do poder ou o poder da Cultura” e a obra LIMITE II de Marta Moura foi uma das vencedoras do Prémio Aquisição Câmara Municipal de Vila Nova de Cerveira, no âmbito da edição (a XV) realizada de 25 de julho a 27 de setembro.

Marta Moura nasceu em 1978 em Lisboa, cidade onde vive e trabalha. Em 2002 licenciou-se em Artes Plásticas, opção Pintura na Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha (ESAD) e, em 2007, concluiu o mestrado em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL).

Expõe, coletivamente, desde 1998 e, individualmente, desde 2002, somando ao seu palmarés instituições de referência nacionais e internacionais, onde se incluem, além-fronteiras, passagens por Nova Iorque, EUA; Salzburg, Áustria; Vigo, Valência e Málaga, Espanha; Montrouge, França; Klaipeda, Lituânia; Hamburgo, Alemanha; Bratislava, Eslováquia ou Pécs, Hungria. A sua obra integra coleções como a das Fundações PLMJ, Ilídio Pinho e Bienal de Arte de Cerveira; o Museu da Carris, a de Isabel e Julião Sarmento, o CAC Málaga e a Luciano Benetton Colection, entre outras privadas em Portugal, França e Áustria.

Poderíamos enquadrar, genericamente, a obra de Marta Moura no designado NEOPOP, movimento pós-moderno que começa na década de 1980, herdando o quadro conceptual e plástico da POP ART, de referências imagéticas na designada cultura de massas, com um pendor de crítica social e de alguma ironia. Na série LIMITE, em que se enquadra a obra em destaque esta semana, a artista reflete sobre “O Insustentável Peso da Imagem”, num encontro com a pintura que empodera as imagens através de potencialidades pictóricas que funcionam quase como um exercício de catarse, por um lado, e de resignificação de elementos visuais dos nossos dias, por outro, como se de um comboio de alta velocidade se tratasse, ou seja, bombardeando-nos o olhar com informação que procuramos interrelacionar, apreender e acabamos por associar à informação veiculada diariamente pelos media.

Nas palavras da artista: “O advento da fotografia desencadeou uma das maiores revoluções na criação de imagens, dando origem à passagem do processo manual para o mecânico. As transformações da sua produção e reprodução, bem como as possibilidades no domínio digital, potenciaram uma aceleração gradual e uma massificação em níveis nunca antes alcançados. Devido à sua aparente proximidade com a realidade, a imagem fotográfica veio estabelecer uma ligação sedutora entre referente e observador. Esta relação, sustentadora de um ciclo vicioso, ininterrupto e exponencial na dependência do consumo e produção visual, promove e determina as relações das sociedades contemporâneas, conduzindo-as para uma cultura da imagem. Com o tempo, as fronteiras e limites entre verdade e ficção confundem-se. E, com a intensificação da potência da imagem e dos excessos da mediatização, surge também um efeito da banalização, precipitando a experiência humana para uma espécie de dormência do sentir e do pensar.”

Este acrílico sobre tela, com 150 cm de altura e 400 de largura, poderá ser descoberto, ao longo de toda a semana, perto da área de acesso aos serviços da Fundação Bienal de Arte de Cerveira, no Fórum Cultural.

 

Texto de Helena Mendes Pereira